Eu sempre fui uma pessoa muito apegada ao passado. Me apego verdadeiramente a todas as pessoas que fizeram parte da minha vida um dia, nunca deixo de sentir saudades, e sempre comento o quanto eu gostaria de voltar pr'aquele tempo, e viver tudo de novo.
Pois então. Hoje eu tive um sonho realmente interessante. Sabe aqueles sonhos tão reais que quando a gente acorda, fica se perguntando se foi só um sonho ou se aconteceu de verdade?!
Então, eu sonhei que eu era capaz de voltar no tempo.
Não era uma máquina do tempo, como aparece em alguns filmes. Eu simplesmente acordava e estava ali, com 15 anos, em 2004, no colégio Nazaré. Eu estava com aquele meu velho uniforme, com a mesma calça jeans já surrada de tanto que eu usava, e o relógio da nike preto que eu não tirava do braço.
Eu pude ver os meus amigos exatamente do jeito que eles eram. Com os cabelos que usavam, o jeito de falar, de andar, e o sentimento e o jeito que tinham de me tratar na época.
Até a música que eu tanto gostava, One last breath, tocou no meu sonho.
Posso dizer que eu fiquei maravilhada. Foi como voltar no tempo, do jeito que eu sempre quis fazer.
A vontade que eu tinha, era a de contar pra todo mundo o que aconteceria num futuro não tão distante. Queria preservar as amizades que eu perdi no caminho, consertar os meus erros, aproveitar mais ainda aqueles dias tão cheios de vida que ficaram para trás.
Mas havia uma diferença em mim. Eu não era mais a mesma.
Eu poderia ter o mesmo cabelo que eu tinha, usar as mesmas roupas, e ser até alguns quilinhos mais magra; mas eu sentia o que eu sinto hoje.
Eu sabia exatamente o que o futuro me reservava. Sabia de quem me afastaria, quem engravidaria, quem passaria no vestibular ou não, quem viraria lésbica, e quem viraria meu namorado.
Eu sabia e sentia pelas pessoas, não como antes, mas do jeito que eu sinto hoje.
Era estranhíssimo ver a I. conversando com a X., tentar me entrosar, e receber um olhar esquisito, do tipo "do que tu sabes sobre mim, garota?".
Eu queria abraçá-las. Dizer a elas o quanto seriam minhas amigas. Queria conversar sobre os momentos engraçados que tivemos juntas, as idas a Salinas, as encarnações na X. Mas era complicado, porque nada disso tinha acontecido.
Eu olhava pra V., tão quieta desenhando no cantinho da sala, com aquele relógio cor-de-rosa e o cabelo comprido. Ela parecia absorta nos pensamentos dela, talvez até um pouco triste, não sei. Talvez eu soubesse o motivo, talvez eu pudesse ajudar! Eu queria dizer o quanto ela ficaria mais bonita ainda no futuro, e que um certo corte de cabelo cairia muito bem nela. Queria dizer que ela era a pessoa que continuaria minha amiga, independente de qualquer coisa. Eu queria dar um abraço. E dei. Ela me olhou como se não entendesse, mas riu e disse "ô gabí" - ela sabia que eu sempre tive meus surtos. hehehe
Conversei com a minha amiga que eu acho melhor não falar nem a primeira letra, ela já estava em período de transformação, digamos assim. E eu queria tanto, tantooo ajudá-la. Eu sabia o que ela estava enfrentando e o que viria a enfrentar. Mas como diabos eu poderia fazer isso? como eu explicaria o fato de eu saber tanta coisa? Imagina a confusão que causaria... Deixei passar.
Vi o S., o A., o T., o G., a N., a N., a S. e o D. Esse último, eu via exatamente da mesma forma que eu via os outros. Sem nenhum sentimento maior, como costumava ser na época. E ele veio chegando, me abraçando, todo-todo do jeito que ele era. E os outros meninos se viraram com aquela velha cara sínica pra ver a minha reação. Nada. Não senti absolutamente nada. Não fiquei com cara de lesa, não tropecei, não senti o meu coração mais forte. Era só um amigo, como outro qualquer, me dando um abraço. Acho que até ele ficou surpreso com a minha anti-reação. Se acha! hahaha
E por fim, veio o P. Ainda do meu tamanho (hehehe), com o nariz consideravelmente menor, o cabelo um pouco mais lisinho, com aquele corte que ele usava, e a cara de criança. Agora sim, meu coração bateu mais forte e os meus olhos se iluminaram. Eu queria abraçá-lo e contar as tantas coisas estranhas que me aconteceram no dia. Eu tinha a sensação de que ele me entenderia; que ele saberia exatamente o que eu estava passando. Nós ririamos juntos e, depois, voltariamos pro nosso futuro em comum. Mas quando eu cheguei perto, havia algo de diferente nele. Eu demorei pra identificar o que era: o jeito que ele me olhava. Não deixava de ser carinhoso, é claro, mas completamente diferente de como é hoje, era carinho de amigo. Eu tentei, então, com o coração na mão, conversar com ele do jeito que eu conversava na época. E pude perceber que ele estava meio triste. A A.R tinha chegado de viagem e estava namorando o D. Merda. Como eu não tinha pensado nisso antes? Ele ainda era apaixonado por ela, claro. E o que me restava era conversar como amiga. E só.
Foi então que eu comecei a me qüestionar o que eu estava fazendo alí. Calma lá, e se o meu futuro nunca voltar? E se eu fizer alguma coisa de diferente que altere todo o resto? Será que qualquer besteirinha pode influenciar no todo?
Eu temia que sim.
E o que era maravilha, transformou-se em desespero.
Sim, estar presa naquele passado era desesperador. Porque ele já havia me pertencido um dia, e foi maravilhoso no tempo que durou, mas não me pertencia mais.
Eu não queria mais mudar nada, reviver nada, matar a saudade de nada. Tudo o que eu queria de verdade, era o meu lindo futuro de volta.
Então, eu cheguei à conclusão de que mesmo por todos os erros que eu cometi - e que não foram poucos, por todas as pessoas que eu magoei sem querer ter magoado, por todas as que me magoaram, por tudo o que eu perdi ou pelo que eu poderia ter tido e não tive, mesmo por tudo isso, eu não mudaria absolutamente nada. Nada, nada mesmo. Nem voltaria pra viver tudo de novo, nem gostaria de voltar.
Arrependimentos, é claro que eu tenho. E sempre vou gostar das pessoas que me cativaram e de tudo o que vivemos juntos.
Mas eu também gosto da minha vida como é hoje, e também de como eu sou. Às vezes eu reclamo porque queria isso, sinto falta daquilo, mas eu não trocaria a minha vida por nada. Sou completamente e absolutamente feliz assim. E eu descobri isso através de um sonho.
Eu acho que a vida é como uma construção. Um tijolo que seja colocado a mais, pode alterar a estrutura de um prédio inteiro. E se não houvesse a combinação do azul com o amarelo, o verde não existiria.
O que eu quero dizer, é que o que somos hoje é resultado de tudo o que já vivemos um dia. De todas as nossas alegrias e tristezas. Surpresas e decepções. Amores, amigos, dias de chuva, dias de sol, aniversários, natais. Tudo. E é irracional querer mudar qualquer coisa que faça parte desse todo se as coisas estão tão bem como estão.
E quanto a perfeição, convenhamos, devemos desistir. Nunca a encontramos no passado, não a temos agora, e provavelmente não a encontraremos amanhã. Então, sejamos felizes como somos! Aproveitemos as nossas fases e as nossas dádivas. Porque logo, o hoje será passado. E FELIZMENTE não teremos como voltar.
Bem, como eu disse, foi um sonho no mínimo interessante. Me fez parar pra pensar.
"I did it my way..."
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
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Um comentário:
Incrível.
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